Você não gostou de A Desolação de Smaug (2013), o segundo filme da trilogia Hobbit? Nem eu. Justamente por isso é que A Batalha dos Cinco Exércitos desce muito bem como uma conclusão desta saga. E isso já ocorre na sequência inicial do filme com o dragão incendiando a cidade do humano Bard, que está preso. Ele consegue se soltar e atingir Smaug com um arpão improvisado, não sem antes ser provocado pela criatura.
Todas essas cenas empolgam, porque Smaug decepcionou no último longa ao aparecer pouco. O diretor dos filmes, Peter Jackson, está repetindo a mesma fórmula da saga Senhor dos Anéis nestes últimos lançamentos. Ou seja, ele emenda cenas de ação com o elfo Legolas como se estivéssemos em 2003 com Aragorn e Gimli. Isso irrita um pouco, mas não tira a graça desta conclusão.
Após a queda de Smaug, o enredo desloca-se para o anão Thorin, Escudo de Carvalho, que fica adoecido mentalmente ao ter contato com a fortuna guardada pelo dragão e pertencente aos seus antepassados. Cegado pelo ouro, ele se isola de seus amigos enquanto uma guerra se arma perto da Montanha Solitária. Thranduil, o pai de Legolas, forja uma aliança com Bard, o novo soberano dos homens, para recuperar um colar de pérolas do tesouro de Thorin. Dáin, outro rei anão, quer reencontrar o primo que dominou Erebor depois da queda de Smaug. Enquanto os três exércitos se armam, orcs de Azog e Bolg se preparam para tentar tomar a montanha de assalto. E o Escudo de Carvalho está encantado pela Pedra Arken, de seu avô.
Bilbo Bolseiro acaba roubando a pedra e a entrega aos exércitos que se prostram na frente de Erebor, pra evitar a guerra entre Thorin enlouquecido e seus antigos aliados. No entanto, Azog e Bolg chegam ao local matando vários aliados. A elfa Tauriel, que era prometida a Legolas e se apaixonou pelo anão Kili, romance que não está no livro original, perde seu amado e aprende como os elfos agem diferente por serem imortais.
Thorin se redime e mata os inimigos, mas acaba sacrificando a própria vida, enquanto os anões retomam Erebor. O combate é decidido pela ajuda das Águias do mago Radagast, que é aliado de Gandalf, o Cinzento. Para completar o elo, o filme revive as primeiras cenas no Condado para que você saiba da jornada de Bilbo Bolseiro, como ele encontrou o Um Anel com Gollum e como ele sobreviveu a Smaug e ao combate entre os exércitos. Isso se espelharia nas aventuras de seu sobrinho Frodo até a Montanha da Perdição, em Mordor.
A Batalha dos Cinco Exércitos tem muitos efeitos especiais, muitos detalhes para quem gosta de Silmarilion, um livro de anotações do criador da saga, J. R. R. Tolkien, sobre o universo de fantasia e uma narrativa de conclusão muito parecida com O Retorno do Rei (2003). Infelizmente, o herdeiro dos direitos sobre as aventuras de Bilbo e de Frodo, Christopher Tolkien, não gostou desses últimos films de Jackson. Então é muito provável que nós não iremos ver novas adaptações da Warner ou da New Line nestes próximos anos.
O primeiro filme Hobbit, Uma Jornada Inesperada, é bom e nostálgico. A Desolação de Smaug escorrega em muitas adições desnecessárias no roteiro e nos efeitos especiais com pouca substância. A Batalha dos Cinco Exércitos encerra com um equilíbrio entre nostalgia e guerras, embora O Hobbit seja suficiente para um único filme, e não uma trilogia. No máximo dois longas-metragens.